
Ceres Abandonada
Cecília Meireles
As árvores secas.
Descuidadas plantas.
E a Deusa esquecida,
Sem mais esperanças,
Entre pedras fuscas
E galinhas brancas
Ruivo pó do tempo
Na remota fonte.
Veio de outras eras,
Trazida de longe:
- na sombra a deixaram.
Partiram pra onde?
...
Seus velhos poderes
Ninguém mais recorda.
O modesto plinto
Mão nenhuma adorna.
Para homens vivos,
É uma Deusa morta.
Mas o grão dourado
E a olorosa terra
E o boi que desliza
E o sol que se eleva
E o céu sobre-humano
Não se esqueceram dela.
Fazem-se e refazem-se
Os volúveis dias.
No mármore, imóvel,
Sempre a Deusa é viva,
Muito além dos homens e de suas cinzas.
Cecília Meireles
As árvores secas.
Descuidadas plantas.
E a Deusa esquecida,
Sem mais esperanças,
Entre pedras fuscas
E galinhas brancas
Ruivo pó do tempo
Na remota fonte.
Veio de outras eras,
Trazida de longe:
- na sombra a deixaram.
Partiram pra onde?
...
Seus velhos poderes
Ninguém mais recorda.
O modesto plinto
Mão nenhuma adorna.
Para homens vivos,
É uma Deusa morta.
Mas o grão dourado
E a olorosa terra
E o boi que desliza
E o sol que se eleva
E o céu sobre-humano
Não se esqueceram dela.
Fazem-se e refazem-se
Os volúveis dias.
No mármore, imóvel,
Sempre a Deusa é viva,
Muito além dos homens e de suas cinzas.